Gestões Inspiradoras da Bahia
Antônio Francisco de Lacerda

Antônio Francisco de Lacerda

1797, aprox. (Lisboa, Portugal)
29.07.1872 (Salvador, Bahia)

““Abençoadas utopias, que elevam o homem à altura da humanidade e nobilitam-lhe o trabalho diminuindo as distâncias, facilitando as comunicações, colonizando os desertos, aproximando as nações, desenvolvendo a indústria, ativando o comércio, engrandecendo a agricultura e animando as ciências e as artes.”

Figura 1. Gravura da fábrica Todos os Santos no século XIX.

Antônio Francisco de Lacerda, português, chegou na Bahia por volta de 1820. Exerceu importante atividade industrial empreendedora na cidade Valença, onde se estabeleceu. Posteriormente, participou em negócios na cidade de Salvador, incluindo transportes e o Elevador Lacerda, nome que homenageia seu filho, Antônio de Lacerda.

ORIGENS E FAMÍLIA. Antônio Francisco de Lacerda nasceu em Lisboa, Portugal por volta do ano de 1797. No ano de 1820, se estabeleceu na idade de Valença. Atuou em diferentes negócios na Bahia, com destaque para a fábrica Todos os Santos, situada na Industrial Cidade de Valença.

Casou-se em 1830 com Angelica Michelina Vianna de Lacerda (20 set. 1807 – 22 jun. 1877). O casal teve seis filhos, incluindo dois importantes nomes para os negócios na Bahia: Augusto Frederico de Lacerda e Antônio Lacerda. Este último, com atuação empreendedora destacada, homenageada no elevador, importante marco da cidade de Salvador, por ele concebido e construído e que, após sua morte, passou a homenageá-lo, recebendo o seu nome.

A FÁBRICA TODOS OS SANTOS. O empreendimento de maior envergadura de Antônio Francisco de Lacerda foi a fábrica de tecidos Todos os Santos, situada na cidade de Valença, às margens do Rio Una. Seus sócios no empreendimento envolviam o americano John Smith Gillmer e Antônio Pedroso de Albuquerque. Os investidores possuiriam, em comum, um grande poder econômico que poderia ter recebido a contribuição dos lucros associados ao escravismo, com eventual participação no contrabando negreiro para o Brasil. A indústria traria a possibilidade de reinvestir seus capitais provenientes de sua atuação no comércio, abrindo nova perspectiva para a obtenção de lucros.

A Industrial Cidade de Valença, batizada por meio de Lei Provincial de número 368, de 10 de novembro de 1849, seria uma homenagem ao Marques de Valença, D. Afonso Miguel. Foi erguida às margens do Rio Una, o que lhe garantiu, no passado, papel de destaque no cenário estadual, e também nacional, devido à sua importância portuária (facilidade logística) e à força motriz das águas do rio (facilidade energética).

A instalação da fábrica Todos os Santos teve início em 1844. Seria a primeira indústria de tecido da cidade, a primeira hidráulica e de tecidos finos de algodão no Brasil. Situava-se à altura da segunda cachoeira, a partir da foz, do Rio Una, que forneceria boa parte da energia necessária para suas operações. Entrou em operação em 1847.

Figura 2. Fábrica Todos os Santos em meados da década de 1850.

Seria, para a época, um empreendimento de grandes proporções, merecedor de destaque no cenário econômico. Foi o maior estabelecimento têxtil do Brasil até a década de 1870 e um imenso incremento às atividades industriais do estado da Bahia que, quando da sua inauguração, já contava com outras duas fábricas têxteis, ambas em Salvador: a Santo Antônio do Queimado, fundada em 1834, e a Nossa Senhora da Conceição, fundada em 1835. A fábrica Todos os Santos foi a primeira instalada no interior da província e tinha dimensões muito maiores que as foram construídas nos períodos posteriores.

A sua montagem contou com o apoio de capital, mão de obra e tecnologia vindas dos Estados Unidos da América, mais precisamente da região da Nova Inglaterra. O engenheiro norte-americano João Monteiro Carson, naturalizado brasileiro, foi o idealizador e construtor do projeto. Foi o responsável pela obra e pela construção da hidroelétrica que movimentaria o maquinário. Foi fortemente influenciada pelos padrões arquitetônicos e técnicos da indústria têxtil da Inglaterra e dos Estados Unidos, países de onde vieram os maquinários.

A fábrica foi instalada em um edifício de quatro andares, seguindo a tendência de verticalização então vigente. Operárias e operários têxteis foram trazidos dos Estados Unidos para atuar como mestras e mestres dos trabalhadores arregimentados no Brasil. Nas palavras dos missionários americanos Daniel Kidder e James Fletcher que descreveram a Todos os Santos em meados da década de 1850, a indústria seria “a mais bela fábrica do Brasil e, talvez, da América do Sul”.

Na época, a Todos os Santos foi a maior obra de engenharia da região. Adicionalmente, trouxe impactos adicionais por meio de inovações tecnológicas externas às suas instalações, como a construção da primeira eclusa do Brasil – que a população local chamava de “caldeira” –com as embarcações podendo transpor a primeira cachoeira do Rio Una. Também inovou na instalação de duas pontes de madeira que dispunham de um sistema inovador que permitia a sua abertura para possibilitar a passagem de navios.

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