Gestões Inspiradoras da Bahia
Ademar Dias Galvão

Ademar Dias Galvão

30.06.1922 (Brejões, Bahia)
22.07.1984 (Salvador, Bahia)

“Só não gostava de Ademar quem não o conhecia.”

Figura 1. Vitória da Conquista em cartão postal de 1954.

Empreendedor que fez sucesso em Vitória da Conquista, investindo em diferentes e diversificados negócios. Reconhecido por sua generosidade, tanto no trato pessoal, sempre cordial e benevolente com todos, como nas lides empresariais, procurando evoluir aqueles com quem desenvolvia atividades. Lutou pelo crescimento dos seus negócios e muito contribuiu pelo desenvolvimento do município de Vitória da Conquista e dos seus empreendedores.

ORIGENS. Ademar Dias Galvão nasceu na cidade de Brejões (BA), no dia 30 de junho de 1922. Quinto filho de João Andrade Galvão e Julita Dias de Andrade Galvão, foi criado em um ambiente marcado por muito cuidado e amor, com grande incentivo aos estudos. Sua mãe sempre dizia: “Primeiro a obrigação e depois a devoção”. Estudar sempre era a primeira obrigação. Ademar e os irmãos tinham escola, banca para outros estudos e, depois, as obrigações da casa. Ele encantava a todos que tiveram o privilégio de acompanhá-lo.

Suas atividades eram marcadas por inteligência, mobilidade e destreza. A irmã Celeste rememora duas de suas travessuras infantis. Na primeira, perguntou para a mãe “Quando a gente morre, vai pra onde?”, recebendo como resposta “Para o céu, ver Jesus”. Tentando confirmar ou entender melhor a resposta, refez o questionamento para o seu tio Quincas, prometeu que “assim que morrer alguém eu lhe levo ao cemitério”, o que acabou ocorrendo. Assim, ao repetir a mesma pergunta para a mamãe, recebendo a mesma resposta, argumentou: “Vai para o céu, mamãe? Vai é para um buraco, com muita terra por cima!”.

Em outra ocasião, ao ser questionado pela avó sobre a falta de energia elétrica que enfrentavam, deu a resposta de que estaria “tudo certo, sendo que já chegaram dois homens e prometeram que hoje ou amanhã a luz vai voltar”. Quando seu irmão mais velho, Walter, muito certo e responsável, aparece pouco depois na casa da avó e recebe a mesma pergunta, dá a resposta “sem novidades e a escuridão vai demorar”. A vó protesta, dizendo “você precisa ser como seu irmão que já me informou tudo”. Walter, então lhe informou que é mentira de “Déo” (Ademar para a família), já que ele não havia visto ninguém.

Ademar fez os primeiros estudos em Brejões, sendo muito querido na escola pelos colegas e professores que, com ele, decifraram as primeira letras e números. Possuía grande curiosidade e criatividade ainda maior. Adorava conversar e contar as peraltices que fazia. Ainda na adolescência, perdeu o seu pai. Em 1940, com 18 anos, como Brejões não oferecia condições para evoluir nos estudos e na vida profissional, mudou-se para Jequié. Faria o Tiro de Guerra – espécie de preparação de reservistas das forças militares – e estudaria no Ginásio de Jequié.

Estava sempre interessado nos problemas que surgiam, seja nos negócios ou na vida diária. Em Jequié, trabalhou como estafeta (carteiro) do antigo Departamento de Correios e Telégrafos. Desempenhava suas atividades com entusiasmo e alegria, fazendo muitas amizades e recebendo convites para trabalhar no comércio. Fez a opção por um escritório de vendas por consignação. Na época, a atividade era bastante promissora, fazendo elo entre a Estrada de Ferro de Nazaré, que tinha posto terminal em Jequié, e as demais cidades do sudoeste e sertão da Bahia. A sua atuação  profissional foi marcada por muitos méritos, compatíveis com a sua responsabilidade. Muito contribuiu para o crescimento da firma em que trabalhava, recebendo convite do antigo patrão, Antônio Orrico, para se tornar sócio.

DE JEQUIÉ PARA VITÓRIA DA CONQUISTA. Ademar Dias Galvão continuou cultivando o seu desejo de crescer e de desenvolver a sua criatividade. Em 1946, aceitou o convite de Dorival Borges & Comp., firma estabelecida em Jequié, para, como seu sócio, gerenciar a filial de Vitória da Conquista, cidade que na época experimentava o início de um grande crescimento pelo desenvolvimento da pecuária na Bahia.

Ainda em 1946, trouxe, de Brejões para Jequié, sua mãe, um irmão e três irmãs, estabelecendo um armarinho para eles administrarem. Nas palavras de sua irmã Yêda: “Quando menos esperávamos, chegou Ademar com um carro transportador a fim de nos levar para aquela cidade, bem maior que Brejões. Com o decorrer das primeiras impressões daquela alvissareira cidade, eis que ele e Walter, nosso irmão mais velho, montaram o armarinho A Indiana, para que as irmãs Dalva e Celeste, desejando uma vida social mais intensamente vivida, pudessem trabalhar e exibir os seus dotes”. Também custeou os estudos da irmã caçula, Yêda Teresinha, em um bom colégio em Belo Horizonte, para que pudesse prosseguir com seus sonhos acadêmicos.

Em 1951, adquiriu a parte de Doryval Borges, no negócio de Conquista, fazendo sociedade com o futuro cunhado José Carlos Oliveira, passando a firma a denominar-se Ademar Galvão & Cia. No mesmo ano, ocorreu o casamento de seu sócio com sua irmã Celeste, vindo toda a família a residir em Conquista, com o armarinho de Jequié sendo vendido. Em Conquista, Ademar encontraria o campo que necessitava para desenvolver as suas atividades empreendedoras, envolvendo a aviação comercial, os transportes rodoviários e o comércio.

Na aviação comercial, trouxe, por meio da Nacional Transportes Aéreos, a possibilidade de conexão de Vitória da Conquista ao vizinho estado de Minas Gerais e às principais capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo, Goiânia, Salvador e Belo Horizonte, projetando o nome de Vitória da Conquista além das fronteiras. Anos mais tarde, com a construção de um novo e ampliado aeroporto em Vitória da Conquista, inaugurado em 2019, o nome de Ademar Dias Galvão foi cogitado para o empreendimento, juntamente com os nomes de José Fernandes Pedral Sampaio (ex-prefeito), Jadiel Vieira Matos (ex-prefeito), Monte Cristo e Glauber Rocha (que acabou sendo o escolhido). A lembrança do nome de Ademar ressaltou a sua contribuição pioneira na década de 1940 à aviação do município.

Figura 2. Antiga propaganda da Nacional Transportes Aéreos.

Nos transportes rodoviários, com a abertura da BR-116 ou Rio-Bahia, ainda sem asfalto, introduziu o transporte rodoviário para o Norte e Sul do país, por meio da Rodoviária Estrela do Norte, empresa específica na atividade de transporte de carga, da qual foi seu agente representante durante 18 anos. 

Sua firma, Ademar Galvão e Companhia, além de representar a Nacional Transportes Aéreos e a Rodoviária Estrela do Norte, também comercializava materiais elétricos, eletrodomésticos, fogões, geladeiras, colchões, motores estacionários – incluído grupo de importantes geradores que possibilitam a oferta de energia elétrica nas fazendas –, bombas para captação de água, gás de cozinha, discos e outros. Após a Nacional Transportes Aéreos ser vendida para a Real Transportes Aéreos, firma que já possuía outro representante na cidade, Ademar trouxe a representação do Lloyd Aéreo.

Figura 3. Antiga propaganda da Nacional Transportes Aéreos.

Com a instalação da indústria automobilística no Brasil, Ademar Galvão manteve entendimentos com a Willys Overland do Brasil para ser revendedor e dar assistência aos veículos Jeep, Rural Pick-up e Aero Willys. Em 1958, fez um grande lançamento da  representação por meio da empresa Galmaq, típico do seu estilo, marcado por gostar de tudo muito bem organizado, contando com a presença do diretor de vendas da Willys. Um grande prédio na zona oeste da cidade, situado na Avenida Presidente Dutra, foi adquirido e reformado para abrigar a concessionária Willys. Além da comercialização dos veículos do Willys, também vendia peças para assistência técnica e mantinha posto de combustíveis e serviços. Ademar participou do advento da indústria automobilística brasileira no governo de Juscelino Kubtischeck, tendo sido grande admirador.

Nos anos 1950, a cidade de Vitória da Conquista experimentava forte desenvolvimento. Migrantes de todo o país chegavam, quase que diariamente, se instalando e desenvolvendo suas atividades em uma terra fértil e com campo promissor. Ademar seria o precursor, fomentando todas as suas  atividades em prol desse desenvolvimento e crescimento da cidade.

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