Gestões Inspiradoras da Bahia
Bernardo Martins Catharino

Bernardo Martins Catharino

03.07. 1861 (Santo André de Poiares, Portugal)
23.02.1944 (Salvador, Bahia)

“Para eu não esquecer o que fui.”

O português Bernardo Martins Catharino migrou jovem para Salvador. Atuou no comércio e, posteriormente, investiu em empresas que passavam por dificuldades financeiras, procurando reerguê-las. Teve participação importante na indústria têxtil baiana, muito contribuindo para o  desenvolvimento do bairro de Plataforma e região.

ORIGENS E FAMÍLIA. Bernardo Martins Catharino nasceu em uma fazenda localizada em Santo André de Poiares (depois, Vila Nova de Poiares), Portugal, no dia 3 de julho de 1861. Em 1874, com 13 anos, vem para o Brasil em busca de melhores condições de vida. Seu destino foi a cidade de Feira de Santana, onde havia uma grande e próspera colônia portuguesa, com muitos de seus membros dedicados ao comércio, o que incluía a firma Joaquim José da Costa & Irmãos, onde foi trabalhar. A empresa era comandada por António Joaquim da Costa Carvalho (1800-1875), Barão de São Lourenço, com título nobiliárquico criado por D. Maria II de Portugal por carta de 5 de outubro de 1848.

Bernardo se destacou rapidamente pelo seu empenho e tino comercial. Em 1880, com apenas 19 anos de idade, assume a gerência dos negócios. Em 1883, se tornou sócio da empresa, agora nomeada como Costa Irmão & Cia. Nesse mesmo ano, aos 22 anos, casou-se com D. Úrsula Costa, filha do seu primeiro empregador. O casal teve dez filhos.

Posteriormente, em 1888, buscando expandir os negócios e garantir uma melhor educação para os filhos, a família se muda para Salvador. Passou a residir na Travessa do Rosário, no distrito de São Pedro, centro antigo da cidade. No entanto, os sucessos empresarial e financeiro auxiliados pelos novos conhecimentos decorrentes das inúmeras viagens ao exterior provocaram o desejo de construir uma nova residência.

Bernardo planejou durante alguns anos a nova moradia. O terreno escolhido situava-se nos novos loteamentos da Rua da Graça, área aristocrática, onde no entorno, anos mais tarde, se instalariam as moradias de alguns filhos. Na época seria comum o estabelecimento de outras casas na vizinhança a partir da casa principal, ou até no próprio lote, com a finalidade de abrigarem parentes e filhos casados, condição que indicaria a dependência e a autoridade patriarcal, fato ocorrendo com maior evidência quando se dava na ocupação de novos loteamentos.

A nova residência, concebida seguindo os novos parâmetros de domesticidade, conforto e beleza, era antes de tudo um símbolo de triunfo que sinalizava à sociedade o status de seus moradores. A construção contou com o apoio do arquiteto italiano Rossi Baptista e do florentino Oreste Sercelli para a decoração dos interiores. Bernardo Catharino residiu na Villa desde a sua inauguração até a sua morte, em 1944. O imóvel, posteriormente assumido pelo governo do estado, é um dos mais belos e marcantes prédios da capital baiana, abrigando hoje o Palacete das Artes,
espaço cultural destinado às artes.

Muitas foram as participações do casal Catharino em obras beneméritas, sociais e de caráter religioso.

Na sua terra natal, Bernardo nunca se esqueceu de Nossa Senhora das Necessidades, a quem, ao partir, pediu proteção. Contribuiu com Hospital de Beneficência Poiarense, com a nova Capela de Nossa Senhora das Necessidades e, também, com a Autarquia de Vila Nova de Poiares custeando o Jardim Municipal situado em frente aos Paços do Concelho e que o homenageia com o seu nome.

Fotos 1 e 2. Família Martins Catharino.

Em Feira de Santana, o casal doou o terreno para a construção do Asilo Nossa Senhora de Lourdes, posteriormente Colégio Padre Ovídio. D. Úrsula doou o atual altar da Catedral Metropolitana de Feira de Santana.

Em Salvador, Bernardo construiu a Vila Operária, disponibilizando moradias para os funcionários da fábrica, em sua maioria imigrantes. Posteriormente, em 1926, o casal construiu a escola Úrsula Catharino, primeira de todo o Subúrbio Ferroviário. Bernardo também ofertou os altares-mor da Catedral Basílica e da Igreja do Senhor do Bonfim. Chegou a ser Provedor da Santa Casa de Misericórdia.

Os seus méritos lhes renderam a Comenda da Ordem da Rosa. A honorífica Imperial Ordem da Rosa havia sido criada em 1829 pelo imperador D. Pedro I para perpetuar a memória de seu matrimônio, em segundas núpcias, com Dona Amélia, tendo sido extinta em 1891, juntamente com todas as outras ordens e títulos nobiliárquicos existentes no Brasil.

O COMERCIANTE. Bernardo Catharino demonstrou seu talento para os negócios desde que chegou, ainda adolescente, em Feira de Santana. Ao se mudar para Salvador, iniciou sua participação na casa importadora Moraes & Cia., situada à Rua Conselheiro Dantas. A empresa havia sido fundada pelo português José Joaquim Moraes em 1866.

Com dedicação e competência, Catharino assumiu o comando do negócio em 1891. Em 1902, seu filho Alberto se tornou sócio. Em 1906, Bernardo Júnior, outro filho, também se tornou sócio.

A Moraes & Cia. se tornou um dos mais importantes comércios da cidade, com destaque para a importação de tecidos de diferentes tipos como seda, lã, linho e algodão, comercializados com grande desenvoltura com clientes do interior do estado.

O sucesso como comerciante permitiu acumular um grande volume de capital, que passou a ser diversificado entre diferentes negócios. Bernardo Catharino se tornou acionista do Empório Industrial do Norte, da Usina Cinco Rios, do Banco Econômico da Bahia, Companhia de Seguros Aliança da Bahia, da Companhia de Seguros Sul América e da Companhia Sagres. No segmento imobiliário, investiu em ilhas, como a de Cajayba, dos Frades e Pequena, além de engenhos e diversos outros imóveis espalhados por Salvador. Também possuía participações em negócios industriais no Rio de Janeiro e representações comerciais ligadas ao capital inglês.

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