Gestões Inspiradoras da Bahia
Giuseppe Vita

Giuseppe Vita

10.05.1869 (Trecchina, Potenza, Brasilicata, Itália)
07.07.1953 (Salvador, Bahia)

“Nesses tempos em que o sol Parece fogo, crepita Só nos salva o Guaraná Feito na Fratelli Vita A própria insolação Já com a gente o acredita Se toma o Guaraná Somente o Fratelli… evita…”

Giuseppe Vita, imigrante italiano, empreendeu diferentes negócios no Brasil. Com o irmão, fundou a Fratelli Vita, fabricante de refrigerantes e, posteriormente, de cristais. Foi um dos grandes exemplos de empreendedores na Bahia. Seus negócios alcançaram o estado de Pernambuco, com a Fratelli Vita instalando filial.

DA ITÁLIA PARA O BRASIL. Mais de um milhão e meio de imigrantes vieram construir a vida no Brasil a partir do final do século XIX. A grande maioria teve a região Sudeste e, principalmente, o estado de São Paulo como destino. Esse não foi o caso de quatro dos oito filhos de Micheli Vita e Magdalena Charelli Vita, que chegaram à Bahia em 1880 vindos de Trecchina, da província de Potenza, da atrasada e pobre Itália meridional.

Na Bahia, existiu uma malograda tentativa de instalação de colônia italiana. Os irmãos precisaram se separar em busca de melhores oportunidades. Domino Vita foi para a Argentina. Ângelo Vita continuou no Brasil, tentando a sorte sozinho por meio do artesanato em couro, produzindo
malas. Giuseppe e Francesco Vita permaneceram juntos, empreendendo de diferentes formas.

No final do século XIX, criaram e passaram a produzir um pequeno aparelho de iluminação a base de carbureto de cálcio, que, ao ser misturado com água, permitia produzir o gás acetileno, então empregado para iluminação, já que, quando queimado com uma quantidade adequada de ar, gerava uma luz branca. Viajavam pelo interior da Bahia, promovendo iluminação a acetileno nas festas promovidas por pequenas cidades baianas. Giuseppe fabricava e Francesco apresentava e vendia invenção.

Ampliaram os conhecimentos do interior baiano por meio do exercício da atividade de mascate, carregando tropas com entre dez e vinte burros com diferentes tipos de mercadorias, da linha ao tecido. Francesco também exercia a função de prático dentista, extraindo dentes. Laços foram criados com comunidades rurais, aproveitados no desenvolvimento dos negócios futuros.

Em Salvador, no Bonfim, montaram um pequeno cinema com projetor a carvão. Contudo, os resultados financeiros foram pífios. As instalações e o maquinário eram precários, com a película de projeção pegando fogo regularmente, aborrecendo os expectadores que não conseguiam assistir ao  final do filme. Também existiam limitações do público pagante, já que estudantes entravam de graça.

Foto 1. Calçada do Bonfim, próxima à estação da Bahia and San Francisco Railway (1861).

Foto 2. Fábrica da Companhia Fratelli Vita em Salvador (1921).

Em 1892 registraram a sua indústria de bebidas, na Bahia. Em 1902, já capitalizados, a instalaram em um grandioso prédio em estilo inglês, próximo ao porto, na Rua da Calçada nº 120, Cidade Baixa de Salvador, bairro de Roma.

A qualidade dos produtos era ratificada pelos inúmeros prêmios conquistados em feiras exposições pelo Brasil afora. O distintivo “La Salute e L’Igiene” se tornou uma espécie de marca registrada da empresa, conforme destacado em suas antigas peças publicitárias.

Ainda em 1902, a Fratelli Vita lançou o Quinine Tonic Water, preferido da colônia inglesa na Bahia, a primeira água tônica no Brasil, com quinina importada, substância extraída da quina, uma planta usada contra a malária e a febre. Posteriormente, produziu bebidas alcoólicas. Iniciou com a “gengibirra”, da expressão inglês “ginger beer”, ou cerveja – bebida à base da fermentação – derivada do gengibre e que não fez muito sucesso. Também investiu em vinhos e conhaques.

Entre 1905 e 1910, produziu licores finos premiados em várias feiras e exposições de todo o Brasil. Era um “anisete mentolado”, bebida fermentada à base de “anis” – essência muito utilizada na Itália –, e outros sabores aproveitando frutas da terra como jenipapo e murici. A qualidade das bebidas Fratelli Vita era premiada em quase todas as exposições e feiras das quais a empresa participava.

Em 1907, aproximadamente, o fato de o consumo dos licores ser limitado e as questões religiosas associadas ao álcool neles contido motivaram os irmãos Vita a priorizarem a fabricação de bebidas não alcoólicas. Iniciariam a produção das suas famosas “gasosas”, bebidas não alcoólicas à base de água com gás carbônico (água carbonada), que ficariam conhecidas como “refrigerantes”. Surgia a primeira indústria de refrigerantes do Nordeste, com diferentes opções de sabores, como uva, maçã, cereja, ameixa, limão, pera e morango.

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