16.02.1924
“Sem perseverança
não ocorrem mudanças.”
Empresário alagoano radicado na Bahia, Carlos Gilberto Farias, se destacou por seus empreendimentos nas áreas de açúcar, etanol e bioenergia, com a Agrovale, além de ter sido eleito presidente da Federação das Indústrias da Bahia em 2014.
TÃO JUAZEIRENSE QUANTO AS CARRANCAS DO VELHO CHICO. Quebrangulo situa-se na parte norte de Alagoas, na microrregião de Palmeira dos Índios. O clima da cidade é bastante seco e quente no verão e as temperaturas caem muito no inverno. É um grande exportador de carne bovina e tem um forte aspecto religioso em sua formação, o que pode ser observado até pelo formato das ruas, que são em forma de cruz. Foi lá, em um dia quente de janeiro, que nasceu Carlos Gilberto Cavalcante Farias. Filho de Gilberto Farias e Nita Farias.
Na cidade de Areia, município paraibano que fica próximo à Campina Grande, Carlos fez o curso de técnico agrícola e, depois disso, formou-se engenheiro agrônomo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Logo após terminar a faculdade, Carlos Farias demonstrou seu dom para o empreendedorismo ao ter a ideia inovadora de fazer uma usina de açúcar que utilizava a irrigação como método de produção. Apesar de ser alagoano, Carlos viveu quase toda a sua vida em Juazeiro na Bahia, local que escolheu para fazer negócios e onde fundaria a Agro Indústrias do Vale do São Francisco (Agrovale), seu principal negócio. Foi lá onde viveu com sua esposa, Elizabeth Gondim – que conheceu na cidade de Areia quando ainda era um estudante e com quem foi casado por 41 anos.
A família de Carlos era formada por outros seis filhos: o empresário Paulo César Farias (tesoureiro da campanha de Fernando Collor à presidência); a advogada Ana Farias (que participou do julgamento do caso PC Farias); a médica Eleuza Farias, gastroenterologista e hepatologista; Rogério Farias, ex-prefeito da Barra de Santo Antônio, cidade que fica na região metropolitana de Maceió (AL); o médico Luiz Romero Faria e o advogado, empresário, ex-deputado federal e ex-vice líder do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Augusto Farias. Apesar de ter vivido longe dos irmãos, que ficaram no estado de Alagoas, enquanto ele se fixou na Bahia, Carlos Gilberto dizia que havia muito respeito entre eles e que a sua base familiar era sólida.
Carlos fez Mestrado em Genética de cana-de-açúcar pelo Instituto Agronômico de Campinas, no estado de São Paulo. A empresa para a qual dedicou quase toda sua carreira, a Agrovale, empregava em 2022 cerca de 5 mil funcionários. Carlos foi descrito por amigos, colegas de trabalho e familiares como um industrial de muita força, determinação e liderança. Ainda que muitos integrantes da família dele ocupassem cargos políticos, de opinião forte, ele nunca quis entrar para política partidária por acreditar que o público e o privado não devem ter seus interesses misturados e depositados na figura da mesma pessoa.
Carlos foi condecorado como Cidadão Juazeirense pela Câmara de Vereadores de Juazeiro e recebeu o Título de Cidadão Baiano em 1982, concedido, por unanimidade, pela Assembleia Legislativa da Bahia. Além disso, ele também recebeu a Comenda do Grande Mérito Industrial da Federação
das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) e Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Medalha Norberto Odebrecht, outorgada pelo Rotary Club da Bahia. O próprio Carlos dizia que era tão juazeirense quanto as carrancas do Velho Chico. A diferença é que enquanto a lenda das carrancas
conta que elas protegem as embarcações do Rio São Francisco contra um ser d’água que anseia por virá-las, Carlos Farias foi responsável por ajudar a proteger os interesses de pequenos e médios empresários juazeirenses.
DESTAQUE NO AGRONEGÓCIO. A presença de Amado Bahia está registrada em diferentes locais. Em Salvador, existem recordações suas na Igreja do Bonfim, no Mercado do Ouro e no casarão que leva o seu nome, o Solar Amado Bahia. Em Mata de São João, praça e distrito o homenageiam.
Carlos desempenhou muitas atividades profissionais, sendo muito dedicado aos seus projetos. Foi diretor do Grupo Guaxuma, em Coruripe (AL); superintendente da usina Serra Grande e da Usina Barcelos, em Campos (RJ); sócio fundador, diretor e superintendente de Relação Institucional da Agrovale e diretor, também, da Agricultura do Vale (Agrivale).
Ademais, Carlos Farias se destacou muito como um industrial no ramo de agronegócios. Foi presidente do Conselho Nacional das Agroindústrias Brasileiras; membro do Conselho de Representantes da Confederação Nacional da Indústria; presidente do Sindicato dos Produtores de Açúcar e Álcool da Bahia, além de presidente da União dos Irrigantes do Médio e Submédio São Francisco e diretor da Fargon – Exportadora de Fruta para Europa e Estados Unidos.
Outros títulos importantes de Carlos foram: membro do Fórum Nacional do Setor Sucroalcooleiro; presidente do conselho das Agro Indústrias do Brasil; representante titular da Bahia no conselho de Representantes da CNI; membro do Conselho Deliberativo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Conselho de Ciência e Tecnologia; Vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (2009-2013) e presidente em 2014, ano de seu falecimento. Sua presença também foi importante para o setor de combustíveis no Brasil, com ele fazendo parte da Câmara Setorial dos Combustíveis do Ministério da Agricultura e Pecuária.
Fotos 1, 2, 3 e 4. Agrovale.
Em 19 de setembro de 1972, Carlos Farias fundou a Agrovale e, em 1980, sua primeira produção alcançou o mercado. Produtora de açúcar, etanol e bioenergia, sediada em Juazeiro, é uma das maiores empregadoras privadas do estado da Bahia. Esse empreendimento representou a materialização do seu sonho de usar as águas do Rio São Francisco para irrigar a produção de cana-de-açúcar. A operação se tornou referência, por mérito de Carlos Farias, em agricultura irrigada, reconhecida por ter uma excelente produtividade de cana por hectare – aspecto entendido como benéfico para o meio ambiente, uma vez que quanto maior a produtividade, menos terras precisam ser usadas para que a cultura ocorra, isso deixa claro a marca de sustentabilidade da empresa.
A adaptação promovida pela empresa também é notadamente reconhecida. O clima de Juazeiro é semiárido, com baixo índice pluviométrico, marcado por chuvas apenas no período de novembro a abril. A tecnologia foi a grande chave para produzir nessas condições adversas para o cultivo de cana-de-açúcar. A técnica usada foi a mesma utilizada nas culturas do deserto de Gobi, em Israel, que é a irrigação através do gotejamento subterrâneo. A Agrovale ganhou diversas premiações por seu aspecto inovador e competente.
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