Raymundo Pereira de Magalhães
Raymundo Pereira de Magalhães

Raymundo Pereira de Magalhães

10.02.1871 (Vila Meã, Portugal)
22.02.1934 (Vila Meã, Portugal)

“Nunca devemos crer que, por termos o necessário, podemos ser indiferentes às necessidades alheias.”

Figura 1. Imagem de jornal da época do falecimento de Raymundo.

No início do século XVI, no litoral nordestino, as primeiras plantações de cana-de-açúcar foram realizadas e, a partir daí, até o século XVIII, o açúcar foi a pupila dos olhos do Brasil. Em volta da produção deste bem, os senhores de engenho colocaram suas riquezas, estabeleceram seus “impérios” e mudaram para sempre a história do país. Foi dentro deste contexto do ciclo do açúcar que Raymundo Pereira construiu sua vida e se destacou, sendo, inclusive, apelidado de o “rei do açúcar” devido à tamanha importância que representou para desenvolvimento econômico e produtivo do ciclo desta manufatura no Brasil.

Raymundo Pereira se destacou como produtor e vendedor de açúcar mesmo depois do século XVIII, quando esse bem deixou de ser o principal destinado às exportações do país. Uma vez que, Raymundo foi o responsável pelo monopólio da venda de açúcar no início do século XX, na época em que o mundo enfrentava a Primeira Guerra Mundial e mais tarde, em 1933, Raymundo representou os usineiros da Bahia na Comissão de Defesa da Produção do Açúcar. Assim, desde a atuação na empresa Sá Ferreira & Magalhães até a Magalhães & Cia, esse ilustre empreendedor ajudou a construir a história da Bahia com o doce do açúcar e a força do seu trabalho, deixando de herança para todos os brasileiros o seu legado como fonte de inspiração.

REPRESENTANTE DA BAHIA NA COMISSÃO DE DEFESA DA PRODUÇÃO DO AÇÚCAR. Diante da crise do setor açucareiro,
que concedeu o monopólio da produção a Raymundo de Magalhães,
o governo decidiu intervir para contornar o problema. Assim, em 1931,
o governo brasileiro obrigou todas as usinas a depositarem 10% do total
de sua produção de açúcar em armazéns. Essa ação visava formar um
estoque regulador e evitar, dessa forma, nova ocorrência de grandes oscilações
nos preços dos derivados do produto. Não obstante, essa atitude
não foi o suficiente para recuperar a maioria das usinas e o governo optou
pela criação, dois anos depois, de uma Comissão de Defesa da Produção
do Açúcar.
Em junho de 1933, um ano antes de sua morte, Raymundo representou
os usineiros da Bahia na Comissão de Defesa da Produção do Açúcar. Tal
comissão tinha por objetivo orientar e controlar a produção de açúcar
e de sua matéria-prima em todo o território nacional com o intuito de
evitar novas crises. Isso marcou a consolidação da intervenção do Estado
nas produções de cana-de-açúcar e foi instituída a pedido dos próprios
usineiros – principalmente, os do Nordeste, região que foi a maior produtora
de açúcar no Brasil desde o início dessa cultura, passando pelo
seu auge, até o final dos seus tempos áureos no país.

Além da atuação forte na Bahia, Raymundo também empreendeu fora
desse estado. As principais empresas das quais ele participou foram: a Companhia Suburbana Industrial, em São Paulo capital; a Companhia
Veado – indústria carioca de cigarros; a Argos Industrial S. A., em Jundiaí
(SP); a Casa de Saúde e Maternidade Dr. Pedro Ernesto, a Couto Viana &
Cia, a Coelho Oliveira & Cia, a Jockey Club, a Club Automóvel, a Clube
dos Marimbás, a Usina Barcelos e a fábrica de tecidos Santo Aleixo – todas
no estado do Rio de Janeiro; e a Estrada de Ferro de Matto Grosso,
no Centro-Oeste do país. Ademais, Raymundo Pereira, enquanto estava
no Brasil, também investiu em atividades em outros país da América do
Sul e também, por meio de empresas como a Companhia Internacional
Mercantil S. A. e também em sua terra natal, Portugal.

Figuras 2 e 3. Raymundo e a Avenida que leva seu nome.

O CAMINHO ATÉ A AVENIDA RAIMUNDO PEREIRA DE MAGALHÃES. Em agosto de 1916, começou a construção da estrada que
liga a capital de São Paulo a Campinas, denominada na época de Estrada
Velha de Campinas e atual Avenida Raimundo Pereira de Magalhães,
que leva seu nome apesar de terem trocado a grafia do “y” pelo “i” para
tornar mais nacional e facilitar a escrita desse nome de rua no cotidiano.
Essa estrada foi uma das principais obras brasileiras construídas por
presidiários, graças a Washington Luís, na época deputado estadual, que
conseguiu a aprovação da Lei estadual nº 1.406 de 1913. Isso regulamentou
e possibilitou o trabalho de presidiários na construção de rodovias.
Mais tarde, no dia 22 de dezembro de 1959, a Estrada Velha de Campinas
foi renomeada em homenagem a Raymundo de Magalhães. Esse ato
ocorreu devido a uma petição popular que decidiu homenagear aquele
que foi o precursor e executor da obra que originou o parque industrial
no entorno da estrada. Raymundo Pereira de Magalhães usou seus
próprios recursos, sem nenhuma ajuda financeira do governo, para
realizar tal empreendimento. Ele construiu desde obras de desvios a
viadutos para transformar a região, antes um local inóspito, em um
centro industrial próspero que foi batizado, a princípio, de Companhia
Industrial Suburbana.

Paralelamente a isso, também ocorreu a construção da Vila Anastácio,
um lugar responsável por garantir a qualidade de vida dos funcionários
que foram trabalhar na Companhia Industrial Suburbana e resolveram
se fixar nas proximidades com suas famílias. Oito anos depois da criação
da Companhia Industrial Suburbana na estação Lapa, em 1924, a empresa
foi renomeada para Companhia Suburbana Imobiliária. Foi também
Raymundo Pereira que custeou o saneamento do local, que antes era insalubre.
Para esse feito, ele aterrou uma extensão já morta do rio Tietê ao
utilizar cerca de três milhões de metros cúbicos de terra.

Os investimentos e intervenções relatados evidenciam o caráter visionário
de Raymundo de Magalhães, sempre capaz de antever oportunidades.
No caso em questão, ele foi capaz de perceber que a proximidade
com a estrada de ferro de Sorocaba fazia daquele local, antes inabitável,
um excelente ponto para se fixar um parque industrial com instalações
próprias e armazéns. Dentre as indústrias que se instalaram na região
estão as Cias Anderson Clayton & Cia Ldt, Sofunge, Armazéns Gerais do
Estado de São Paulo, Moinho da Lapa e Serrarias Lameirão.
Para facilitar a chegada de funcionários à Companhia Suburbana Imobiliária,
Raymundo de Magalhães doou uma parte de suas terras para a construção
de uma estrada de ferro que seria responsável por ligar a cidade
portuária de Santos à cidade de Jundiaí. Essa estrada foi construída entre
as estações Lapa (onde se situava a Companhia Suburbana Imobiliária) e
Pirituba (de onde vinham muitos dos operários). Raymundo Pereira permaneceu
como presidente da Companhia Suburbana Imobiliária até o seu
falecimento, em 1934, quando seus três filhos mais velhos a assumiram.
A sequência de feitos e intervenções na região levou, merecidamente, no
final da década de 1950, a Estrada Velha de Campinas a ser renomeada
como Avenida Raimundo Pereira de Magalhães, nome que permanece
até hoje. Atualmente, essa avenida tem 18 quilômetros de extensão e passa
pelos bairros de Pirituba, Taipas e Perus. Além disso, o desenvolvimento
do entorno da região cresceu ainda mais recentemente, devido à
abertura de um shopping, o Tietê Plaza.

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